segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NO MATERNAL


O Maternal é uma etapa na fase da criança em que o que se evidencia é o brinquedo simbólico: o faz-de-conta. A fala que nesse período se destaca, é a manifestação mais real e clara da função simbólica. É a partir dela que se dá uma outra etapa importante em direção sujeito-objeto. Nesse sentido, a criança fará uma série de acomodações em busca de maior compreensão do mundo que a rodeia. Para tanto, é de fundamental importância que a linguagem oral, o brincar de faz-de-conta, imitar pessoas, animais, situações diferentes, sejam muito valorizadas e trabalhadas continuamente em classe. Construir sua história de vida e outras pequenas histórias, além de participar de atividades de curta duração que envolvem o coletivo e de momentos para pequenas negociações e limites, escolher brinquedos, pegar suas roupas e vestir-se, comer sozinha, são atividades que permitem às crianças do Maternal maior descontração e autonomia nas atividades cotidianas na sala de aula, pois são oportunidades para que a criança possa, sozinha, ir resolvendo suas pequenas dificuldades, de forma que ela as realize, do seu modo, o que pode fazer sem ajuda.

Esta é a fase do início da socialização, de buscar companhia, de brincar junto. A criança desenvolve regras de convivência aceitas por outras crianças e reage a qualquer quebra de acordo. Também é cada vez mais desenvolta, mais segura de sua capacidade de correr, pular, fazer exercícios que exigem equilíbrio.

É fundamental também no período do Maternal, a “Roda da Conversa”, onde a linguagem oral é muito valorizada e os assuntos são propostos e discutidos pelo grupo. A linguagem desenvolve-se e ela começa a se expressar cada vez melhor.  Por isso, é importante um espaço escolar onde as pessoas falem com as crianças. Essa atitude é o fator que mais contribui para a construção da linguagem. Nesse momento, a criança ainda não responde verbalmente, mas externa suas vontades, combinando gestos com palavras soltas. A socialização, o conversar, a troca de idéias, o raciocínio e o vocabulário se desenvolvem naturalmente pelo pensar e agir. É um momento que dever ser prazeroso e criativo. Na rodinha, o professor poderá trabalhar as “marcar do nome”, levando a criança ao início da escrita, entendendo que a escrita é uma “marca”, um “código” do que se fala. Poderá ser  elaborado juntamente com os alunos os “Combinados”, um cartaz ou mural, onde as crianças combinam o que podem não fazer, explorando o conteúdo, o raciocínio lógico, a organização e a linguagem. As brincadeiras, atividades em grupos, dramatizações dão também oportunidade à criança de ouvir e falar, permitindo vivenciar e adquirir as regras sociais.

As atividades orais de transmissão de ordens, recados, avisos, notícias, pedidos e informações proporcionam também oportunidades de atividades de Linguagem Oral que as crianças gostam muito de partilhar. Sendo situações inteiramente sociais, devem ser utilizadas nas salas situações do dia-a-dia surgidas espontaneamente.

Contar e ouvir histórias é uma atividade sempre presente na rotina das crianças que freqüentam classes de educação infantil. Através das histórias, os alunos alimentam a sua fantasia e o imaginário, colocando-se no lugar do personagem. Podem acalmar as crianças em determinadas horas do dia, elas colocam as crianças em contato com a realidade mágica, e, é através delas, que poderão crescer com maior autonomia e seguras de si, quando mais tarde, lhes couber o papel de interpretar o mundo adulto.

Os contos de fadas através da simbologia das imagens e do enredo, revelam verdades importantes sobre a vida e todas as implicações que ela apresenta: nascimento, trabalho, injustiça, castigo, vitória, prêmio, conquista do amor. Tantas vezes, os contos de fadas abordam a necessidade de o ser humano provar-se, sentir medo, para que possa revelar sua capacidade de indivíduo que luta e vence. Apresentado à criança, perde o conto de fada o seu sentido, se alguém explica o significado. “Histórias de fadas ensinam pelo método indireto” (Manoel Cardoso). Eles têm um poder extraordinário sobre a imaginação, onde envolve totalmente as crianças que para cada momento da leitura, apresenta uma emoção diferente de acordo com a realidade apresentada pelo contador de histórias. Elas gostam de ouvir histórias que estimulam o seu mundo de fantasias (com crianças, plantas, do meio ambiente, animais, objetos do seu próprio ambiente e contendo elementos sensoriais, movimentos rítmicos e repetições).

Estas atividades são maneiras de fazer com que as crianças, ainda que, não saibam ler e escrever convencionalmente, tomem contato com a escrita, e percebam que ela representa algo, familiarizando-se com ela nas variadas situações do cotidiano.

Nessa fase também as brincadeiras tornam-se um espaço de aprendizagem, onde a criança realiza simbolicamente o que mais tarde se tornará real. Enquanto brinca, involuntariamente a criança aprende a se subordinar-se às regras das situações que reconstrói, o que será muito importante futuramente, para a convivência em sociedade.

Brincar faz parte do dia-a-dia das crianças. É algo muito espontâneo. É através da sua imaginação que a criança constrói e interpreta o mundo a sua volta. A imaginação permite à criança relacionar interesses e necessidades com o mundo que para ela ainda é pouco conhecido. As brincadeiras refletem o modo de construir o mundo pela criança. É através delas que de maneira lúdica, a criança interpreta o mundo e interage nele. É a atividade principal da criança pequena. Quando brinca a criança cria situações imaginárias em que se comporta como se estivesse agindo no mundo dos adultos. Enquanto brinca, esse conhecimento do mundo que a cerca, se amplia, porque nessa atividade lúdica, ela pode agir como os adultos agem, podendo usar imaginariamente objetos que só os adultos podem usar e ela não. Nesse jogo de faz de conta, a criança experimenta diferentes papéis sócias, que contribuirão para a sua formação, enquanto ser social.

O importante nas brincadeiras, não é o resultado das ações, mas as ações, ou seja, a necessidade de satisfazer as suas curiosidades e aprender a conhecer o mundo que precisa aprender a viver. Além de espaço de conhecimento do mundo, as brincadeiras fazem com que as crianças possam conviver com diferentes sentimentos que fazem parte da sua realidade interior, permitindo realizar ações concretas, reais, relacionadas com sentimentos, que de certo modo ficam guardados. Através das atividades lúdicas, as crianças exprimem seus anseios, suas angustias, suas necessidades e interesses, contribuindo desta forma, para o seu crescimento enquanto pessoa; aos poucos enquanto brinca, a criança vai organizando suas emoções e tornando-se um ser que paulatinamente vai aprendendo a conhece-se melhor e a aceitar a existência dos outros.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1994.

_________________________. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. São Paulo: Cortez, 5ª ed, 2001.

LEONTIEV, Alexei Nikolaevich. A brincadeira é a atividade principal da criança pequena. In: Fundação Roberto Marinho. Professor da Pré-Escola. Rio de Janeiro: FAE, 1991.

__________________________. Os princípios psicológicos da brincadeira pré-escolar. In: VIGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1992. p. 119 – 142.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial    curricular para a educação infantil: conhecimento de mundo. Brasília, DF, 1998.

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